Salada Verde

Ao contrário do afirmado por Dilma, desmatamento aumentou

Presidente usou perfil oficial no twitter para afirmar que números do Deter só sairiam em novembro, e que resultado seria de queda. Errou.

Redação Gem Saviour·
10 de novembro de 2014·9 anos atrás
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente

Diretor do INPE e presidente do Ibama durante coletiva onde foi anunciado o acordo de cooperação. Foto: Paulo de Araújo/MMA.
Diretor do INPE e presidente do Ibama durante coletiva onde foi anunciado o acordo de cooperação. Foto: Paulo de Araújo/MMA.

A Folha de São Paulo publicou novos números que obteve do sistema Deter, do INPE, para o desmatamento na Amazônia de agosto e setembro de 2014. Ela já havia levantado suspeitas de que o governo esperou o fim das eleições presidenciais para expor esses dados. De acordo com as informações do diário, em agosto houve 890,2 km² de área desmatada captados pelo Deter, um salto de 208% em relação a agosto de 2013. Já em setembro o aumento foi de 66%: 736 km² contra 442.85 km² registrados em setembro de 2013.

No dia 19 de outubro a então candidata à reeleição, presidente Dilma Rousseff, usou o perfil oficial no Twitter para deixar claro que os números do desmatamento na Amazônia só sairiam em novembro, após as eleições, mas adiantava uma queda.

A suspeita de adiamento da divulgação dos dados de alerta do desmatamento do Deter foi feito pela Folha de São Paulo. O assunto foi tema de uma reportagemecoluna de Marcelo Leite.

Desde 2008, o Ministério do Meio Ambiente divulga os dados do Deter. Ficou acertado o seguinte: durante a temporada de seca na Amazônia, os seis meses de maio a outubro, os dados seriam divulgados mensalmente. Já na temporada de chuvas, de novembro a abril, os dados sairiam de 2 em 2 meses ou de 3 em 3 meses. Era um acordo informal.

A divulgação sempre foi incerta e o calendário, mesmo que informal, foi desrespeitado. É o que mostra a tabela compilada por Gem Saviour com o histórico de datas de divulgação do Deter a partir do site do INPE. A tabela mostra que sempre houve atrasos, o que enfraquece o argumento de que os dados referentes aos alertas de desmatamento de agosto e setembro estavam sendo retidos por motivos eleitoreiros.

Porém, a notícia que a presidente Dilma Rousseff havia se pronunciado sobre o assunto ainda durante a eleição e adiantado uma queda do desmate, quando na verdade houve uma explosão de desmatamento em agosto e setembro, reacendeu o debate sobre represamento dos dados, acusação negada pelo IBAMA e INPE.

Gem Saviour entrou em contato com a assessoria de imprensa da Presidência da República, mas até o fechamento dessa matéria não recebemos resposta.

Desmatamento Deter
MêsDados (km²)AnoMês de DivulgaçãoHouve atrasos?
Agosto756.692008setembroNão
Setembro587.272008outubroNão
Agosto498.132009setembroNão
Setembro400.012009novembroNão
Agosto265.112010OutubroNão
Setembro447.762010Dezembrosim – 2 meses
Agosto163.352011OutubroNão
Setembro253.832011OutubroNão
Agosto522.342012setembroNão
Setembro282.772012outubroNão
Agosto288.62013setembroNão
Setembro442.852013novembrosim – 1 mês

De acordo com a Veja, o presidente do Ibama, Volney Zanardi, negou durante a coletiva que o órgão tenha adiado a divulgação de números. “Os dados de desmatamento são comunicados normalmente no final de novembro”, disse Zanardi.

Porém, olhando apenas para a divulgação dos dados dos meses de agosto e setembro, em 12 divulgações de dados, em apenas 2 vezes o Ministério do Meio Ambiente atrasou. (Veja tabela acima).

Novo calendário

Como já havíamos antecipado, o INPE e o Ibama firmaram um acordo de cooperação para aperfeiçoar o monitoramento e a fiscalização na Amazônia. Esse acordo, assinado na sexta-feira (07), também inclui um novo calendário de divulgação dos dados de alerta de desmatamento, que agora passam a ser trimestrais: serão disponibilizadas em fevereiro, maio, agosto e novembro.

De acordo com nota divulgada pelo INPE, o novo calendário tem como objetivo impedir a utilização das informações georreferenciadas pelos desmatadores. “Assim, os criminosos não conseguirão saber onde estão situados os possíveis focos de desmatamento identificados pelo sistema”, afirma a nota.

*Editado às 6h – 27/11/2014.

 

 

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